22 de abr. de 2010

Homem que matou religiosa se converte na Índia

“Sou responsável pelo homicídio de um inocente, uma religiosa que desejava somente ajudar os mais pobres. Pelo resto da minha vida me arrependerei do que eu fiz. Não quero nem mesmo dizer que fui instigado: foram as minhas mãos a atingi-la”.
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Foi o que disse à agência AsiaNews, o homem que no dia 25 de fevereiro de 1995 assassinou com diversas facadas irmã Rani Maria: Samandar Singh. A diocese de Indore, onde trabalhava a irmã, concluiu o processo diocesano sobre a religiosa: agora é o Vaticano que decidirá se foi ou não um martírio por causa da fé.
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Em todo caso, o primeiro milagre irmã Rani Maria parece já ter feito: o seu assassino se converteu ao Cristianismo e passou a fazer parte da família da religiosa. Agora, diz ele, “procuro com o meu pouco, seguir o seu exemplo, ajudando quem teve menos sorte do que eu: os cristãos e todos aqueles que são marginalizados”. Preso logo após o assassinato, o homem passou 11 anos na prisão. Neste período a esposa se divorciou dele e se casou novamente: além do mais, o seu primeiro filho morreu.
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Enquanto meditava vingança contra o homem que o instigara a matar a irmã, recebeu a visita da religiosa Selmi Paul, irmã de Rani Maria. Ela o abraçou e o chamou de irmão; o mesmo fez a mãe e o irmão da religiosa assassinada. O gesto marcou profundamente Samandar, que iniciou um processo de conversão chegando a abandonar todos os propósitos de vingança e viver a dor originada pelo homicídio.
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O homem deixou a prisão graças a um pedido em seu favor feito pela família da irmã Rani, pela responsável das irmãs Clarissas e pelo bispo de Indore. Já que o pedido tardava em ser acolhido, uma delegação foi até o governador da região, que lhes disse: “Somente vocês cristãos são capazes de perdoar verdadeiramente. Vocês são um exemplo para todos: podem ir, eu farei todo o possível para atender o pedido”. Samandar deixou a cadeia e passou a considerar a família da irmã Rani como a sua família: “Visito com regularidade o túmulo da religiosa: é um santuário de paz e força. Quero dizer a todos – destaca Samandar -, que os cristãos trabalham para que a Índia se torne grande. Os missionários nos dão esperança com o seu serviço, e desejam que o nosso povo seja mais forte e independente”.
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Todavia, ele confirma a animosidade e o ódio instigado pela direita nacional contra os cristãos: “Antes de chegar a matar, eu ouvi tantas falsidades cheias de ódio contra os missionários e fiéis cristãos. Diziam-me que convertiam as pessoas com o engano, e que o trabalho entre os pobres era somente uma cobertura. Mas agora posso dizer sem nenhuma dúvida – finaliza Samandar -, que os missionários não fazem outra coisa do que trabalhar e ajudar os pobres e marginalizados. Eles não têm nenhuma outra finalidade a não ser a de servir a Deus”.


16 de abr. de 2010

Aniversário do Santo Padre, o Papa Bento XVI

Hoje, Sua Santidade, o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, completa 83 anos, em meios a ataques ferozes dos inimigos da Igreja. Rezemos pelo servo dos servos de Deus, aquele que carrega, a exemplo de Cristo, os pecados dos seus irmãos. Para refletir neste dia, reproduzo um sonho de Dom Bosco, que recebi via e-mail de Dom Bento, OSB.
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"O TRIUNFO EUCARÍSTICO"
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O sonho de Dom Bosco
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(30 de maio de 1862)
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“Imaginai estar comigo na praia do mar, ou melhor, sobre um escolho isolado, e de não em torno de vós senão o mar. Em toda aquela vasta superfície de águas vê-se uma multidão de naves em ordem de batalha, que avançam contra uma nave muito maior e mais alta que todas, tentando chocar-se contra ela com o esporão da proa, tentando incendiá-la e fazer-lhe o maior dano possível. Àquela majestosa nave fazem escolta pequenas naves, mas o vento lhes é contrário e o mar agitado parece favorecer os inimigos.
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No meio da imensa extensão do mar elevavam-se acima das ondas duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra. Sobre uma delas havia a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés pendia um longo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum [Auxílio dos Cristãos]; sobre a outra, que era muito mais alta e mais grossa, havia uma Hóstia de grandeza proporcional à coluna, e em baixo havia um outro cartaz, com as palavras: Salus Credentium [Salvação dos Crentes].
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O comandante supremo da grande nau, que é o Romano Pontífice, vendo o furor dos inimigos e o mau partido em que se achavam os seus fiéis, convoca em torno a si os pilotos dos navios secundários, para ter um conselho e decidir o que se deveria fazer. Todos os pilotos sobem e se reúnem em torno do Papa. Mantêm uma reunião, mas, enfurecendo-se cada vez mais a tempestade, são mandados de volta para seus próprios navios.
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Ocorrendo um pouco de calmaria, o Papa reúne os pilotos de novo, pela segunda vez em torno de si, enquanto a nau capitania segue o seu curso. Mas a borrasca volta espantosa.
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O Papa permanece no timão, e todos os seus esforços são dirigidos a levar a nau para o meio daquelas duas colunas, de cujo cimo pendem, em toda a volta delas, muitas âncoras e grossos ganchos presos a correntes.
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Os navios inimigos se movem todos a assaltá-la e fazê-la submergir: algumas com os escritos, com os livros, com matérias incendiárias de que estão cheias, que procuram jogar-lhe a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, e com os esporões. O combate se torna cada vez mais encarniçado; mas inúteis se revelam os seus esforços: a grande nave continua segura e franca em seu caminho.
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Entretanto, os canhões dos assaltantes explodem; os fuzis e as outras armas se quebram; muitos navios se desconjuntam e afundam no mar.
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[Em vão tentam de novo o ataque e desperdiçam toda a sua fadiga e munições: a grande nau prossegue seguramente e livre em seu caminho. Ocorre por vezes que, atingida por golpes formidáveis, apresenta em seus flancos largas e profundas brechas, mas apenas acontece o dano, sopra um vento proveniente das duas colunas e as brechas se fecham e os furos se obturam] (Trecho do sonho de Dom Bosco omitido no texto de Antonio Socci).
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Então, os inimigos, furiosos, começam a combater com armas curtas; e com as mãos, com os punhos, com blasfêmias.
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De repente, o Papa, ferido gravemente, cai. Imediatamente, ele é socorrido, cai uma segunda vez e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre os seus navios se dá um indizível tripudio. Eis que apenas morto o Pontífice, um outro Papa o substitui em seu posto. Os pilotos reunidos o elegeram tão subitamente que a notícia da morte do Papa chega junto com a notícia da eleição do seu sucessor. Os adversários começam a perder a coragem.
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O novo Papa, superando todo obstáculo, guia o navio até o meio das duas colunas e então com uma correntinha que pendia da proa o une a uma âncora da coluna sobre a qual estava a Hóstia, e com uma outra pequena corrente que pendia da popa o prende do lado oposto a uma outra âncora, que pendia da coluna sobre a qual estava colocada a Virgem Imaculada.
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Então, aconteceu uma grande reviravolta: todos os navios inimigos fogem, se dispersam, se chocam e se destroçam mutuamente.Uns naufragam e procuram afundar os outros, enquanto navezinhas que tinham combatido valorosamente com o Papa vêem elas também a atar-se àquelas duas colunas. [Muitas outras naus que, tendo-se retirado por temor da batalha. se acham em grande distância, ficam prudentemente observando, até que, desaparecidos nos abismos do mar os restos de todos os navios destroçadas, com grande vigor vogam em direção daquelas duas colunas, onde, chegando, se prendem aos ganchos pendentes das mesmas colunas, e aí ficam tranqüilas e seguras, junto com a nau principal, sobre a qual está o Papa]. (Outro trecho omitido na versão do sonho citado por Antonio Socci)
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No mar reina uma grande calma” (89 –G.B. Lemoyne, Memórias biográficas de São João Bosco, volume VII, Sociedade Editora Internacional, Turim, 1909, pp 169-171) Depois de ter contado este sonho, Dom Bosco pediu uma interpretação a Dom Rua, que disse: “Parece-me que a nave do Papa seja a Igreja, os navios , os homens, o mar, o mundo. Aqueles que defendem a grande nave são os bons, afeiçoados à Igreja; os outros, os seus inimigos. As duas colunas de salvação parecem-me que sejam a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia”.
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“Disseste bem”, comenta Dom Bosco, “é preciso apenas corrigir uma expressão. Os navios dos inimigos são as perseguições. Preparam-se gravíssimas provações para a Igreja. O que aconteceu até agora é quase nada comparado com o que vai acontecer. Restam apenas dois meios para salvar-se de tanta confusão: devoção a Maria Santíssima e Comunhão freqüente”

3 de abr. de 2010

Meu Bento XVI

Por Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracajú (SE)
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Nunca escondi meu profundo amor por Joseph Ratzinger. É antigo: desde 1981. Em novembro daquele ano, seminarista em férias, li um texto seu. Lá havia uma frase do então Cardeal Arcebispo de Munique: “Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão!” Meus olhos marejaram (como marejam agora, neste momento). Pensei: quem afirma isto só pode ser um homem de verdade, só pode ser alguém que tem uma profunda experiência de Cristo! Eis aqui um homem de Igreja que continuou homem, com um coração, com sensibilidade, com retidão!
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Um ano depois, dei com uma entrevista do Cardeal, agora nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ele afirmava: “O primeiro dever do Bispo é defender a fé dos pequenos contra a prepotência de alguns teólogos...” Vibrei de alegria! O homem era realmente católico em cada fibra: sabia que a fé supera a razão e que o Mistério não se apreende em profundidade a não ser de joelhos e bebendo a límpida fé da Mãe Igreja, fé que se manifesta sobretudo nos pequenos, nos simples, no Povo de Deus em seu dia-a-dia.
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Ratzinger tornou-se para mim uma referência. Doíam-me tanto as calúnias contra ele, as afirmações de muitos adeptos da Teologia da Libertação, que deformavam a imagem e o pensamento do Cardeal de modo vergonhosamente desonesto. Lembro-me das declarações pervertidas de Leonardo Boff e companhia a respeito do Cardeal Prefeito que, generosamente, ajudara ao próprio Boff nos tempos de estudo na Alemanha... Aqui no Brasil, as editoras católicas o censuravam metodicamente... Se algum seu escrito perdido aparecia, era dos menos expressivos e importantes... A imprensa só falava do Cardeal para criticá-lo, insuflada por certos setores da Igreja no nosso País...
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A coisa intensificou-se quando da doença de João Paulo II. Agora era preciso queimar de vez o Cardeal da Inquisição, o Desumano, o Ditador... Foi uma pesada campanha dentro e fora da Igreja, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa... As pessoas nunca leram nada de Ratzinger, mas o antipatizavam de todo o coração. Recordo do conhecido jornalista Alexandre Garcia, que confessou ter comprado livros de Ratzinger e lido seus textos. Tomou um susto: o homem que escrevera aquelas coisas não era nada daquele monstro que diziam... Eis: o preconceito, filho da ignorância e irmão da má-fé!
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E veio o Conclave. Aquele que no céu tem o seu trono riu-se dos planos dos homens e zombou dos grandes e sabidos deste mundo. Ratzinger tornou-se Bento XVI! Ouvi entrevistas, vi matérias na imprensa nacional e internacional simplesmente vergonhosas, vi entrevistas de teólogos – recordo de um da PUC de São Paulo à TV alemã – simplesmente revoltantes: mentirosas, desonestas, caluniadoras, sem caridade...
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E aí está Bento XVI: amado por seu rebanho e por tantas pessoas de boa vontade, pela gente simples, cristã, de DNA católico; homem profundo, mergulhado em Cristo, nele alicerçado; homem doce e ao mesmo tempo tão firme; homem que não tem medo de proclamar a verdade, sem gritar, sem impor, mas sem jamais escondê-la: mostra-a inteira, límpida, serena, cortante, libertadora!
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No tocante à vida moral do clero, menos de um mês antes de ser eleito Papa, na via-sacra do Coliseu, afirmou sem meias palavras, desgostando a muita gente: “E que dizer da terceira queda de Jesus sob o peso da cruz? Pode talvez fazer-nos pensar na queda do homem em geral, no afastamento de muitos de Cristo, caminhando à deriva para um secularismo sem Deus. Mas não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença, frequentemente como está vazio e ruim o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer d’Ele! Quantas vezes se distorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta autossuficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8, 25)".
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Um homem assim não passa despercebido: ou é amado ou profundamente odiado! E há muitos que odeiam este santo e bendito Papa! Foi ele que, logo ao assumir, suspendeu o Padre Marcial Maciel, sacerdote famoso e muito apreciado por João Paulo II (o Papa João Paulo desconfiava muitíssimo de acusações na área de pedofilia, porque os comunistas poloneses utilizavam muitas acusações falsas como modo de desmoralizar o clero polaco. Isto criou em João Paulo II uma tendência a não dar muito crédito às acusações. Sempre que via um padre zeloso ser acusado, a tendência era logo recordar as mentiras dos comunistas poloneses... daí, a lentidão do processo do Pe. Macial. Foi um erro compreensível, mas um erro).
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Bento XVI não! Suspendeu o Pe. Maciel e determinou que vivesse seu fim de vida de modo recluso e sem contato algum com os fieis, numa vida de oração e penitência. O mesmo com o conhecidíssimo italiano Pe. Luigi (Gino) Burresi. Sua punição foi severíssima. Aos Bispos sempre recomendou tolerância zero com a pedofilia. Em seus pronunciamentos sobre o tema, nunca, Papa algum foi tão direto, claro e radical: na Igreja não há lugar para pedófilos. Os pedófilos devem ser demitidos do estado clerical e os Bispos devem comunicar à justiça comum! Tanto que em seu pontificado os casos de pedofilia desabaram...
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Mas, nada disso interessa à imprensa, sobretudo aos jornais anticatólicos como New York Times, La Repubblica, El País, Spiegel... Para estes não interessa a verdade: interessam os fatos distorcidos, as meia verdades que, somadas, dão uma enorme mentira, uma triste difamação, uma calúnia monstruosa... O mesmo fizeram com Pio XII... Qual o objetivo? Desautorizar um Papa incômodo, cuja única preocupação é testemunhar o Cristo com toda a inteireza da fé católica. E nada é tão incômodo e antipático quanto isto! Por isso mesmo, tudo quanto este Papa diga ou faça é distorcido, deformado e, depois, duramente criticado, até ao paroxismo...
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Mas, Bento XVI seguirá seu caminho! No meu primeiro encontro com ele como Bispo novo com o Sucessor de Pedro, disse-lhe: “Santo Padre, o Povo de Deus lhe quer bem! Nós rezamos por Vossa Santidade, nós estaremos sempre ao lado de Vossa Santidade!” Ele sorriu aquele sorriso tímido, mas tão humilde e franco e disse: “Obrigado! Muito obrigado! Eu preciso tanto do vosso sustento!” Só quem não o conhece poderia pensar que ele se dobra! Ninguém é tão perigosamente livre, é tão docemente forte quanto o homem que fez de Cristo o seu refúgio, a sua luz, a sua certeza! Bento XVI – santo Bento XVI, bendito Bento XVI! – é assim.
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Hoje, 29 anos depois daquele 1981, quando, de coração apertado, imagino a dor e a solidão deste homem de Deus, consolo-me pensando no gigante que ele é e vem-me forte, mansa, decidida, certa, a sua palavra: “Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão!” Bento XVI é maduro, Bento XVI não tem medo da própria solidão, pois ela é toda povoada por Cristo!
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Deus o abençoe sempre, Padre Santo! Deus o abençoe e o livre das mãos de seus ferozes e maldosos inimigos!