24 de dez. de 2011

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo




As luzes coloridas, os enfeites variados, as decorações grandiosas, a preocupação com a ceia e os presentes, a onipresença do Papai Noel podem nos levar a esquecer o mistério do Natal. Um grande mistério. Não comemoramos no dia 25 de dezembro apenas um natal, ou seja, o nascimento de mais uma criança. Todos os nascimentos são maravilhosos, a manifestação da vida é um mistério e um milagre em si mesma, mas nada, absolutamente nada se compara com o que aconteceu há dois milênios em Belém da Judeia quando ouviu-se o choro estridente de uma criança quebrando o silêncio daquela noite e dividindo a História dos homens. O Verbo feito carne veio à luz. O Filho de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro deixa a glória celeste e Se torna um de nós. O Eterno entra no tempo, o Todo se faz parte na fragilidade de uma criança. É um acontecimento extraordinário.

Sem estardalhaço, agindo suave e delicadamente, Deus se fez homem. Ninguém percebe. Ninguém sabe. Sua Mãe Santíssima, que durante nove meses meditou em seu imaculado coração tudo o que o arcanjo Gabriel lhe disse em Nazaré, sabe que Seu Filho é Deus; São José, seu pai legal, após tantas dúvidas, sabe que aquela criança foi gerada pelo Espírito Santo. Os anjos vão aos campos para anunciar aos mais pobres de Israel, aos pastores, que o tão esperado Cristo Salvador nasceu na Cidade de Davi e estes imediatamente correm para o presépio e encontram uma criança que não apresenta nada em especial, envolta em pobres faixas, indefesa e recostada numa manjedoura. Os magos do Oriente perscrutam os céus e encontram um sinal: um astro refulge no firmamento. É a natureza sinalizando que Deus vem em socorro da humanidade.

Assim como criou o mundo e tudo o que existe, Deus podia salvar a humanidade com um simples ato de Sua vontade, mas foi pela mulher que o pecado entrou no mundo, então era preciso que pela mulher a salvação entrasse no mundo. Foi na carne que o homem se perdeu e era preciso que na carne fosse salvo. Deus exigia a obediência total do homem em reparação à desobediência de Adão, porém sendo todos os homens pecadores, Deus, rico em misericórdia, envia Seu próprio Filho para resgatar a humanidade decaída e ferida pelo pecado, essa ovelha perdida que o Pastor toma nos ombros quando assume a nossa carne no ventre da Virgem Maria. Em Sua infinita misericórdia, Deus olha para os homens e desce para ver seus sofrimentos. Sente o que os homens sentem. Despoja-se inteiramente de Sua glória para habitar conosco por amor a cada um de nós. Sua divindade está escondida numa criança. Sendo Onipotente, fica totalmente dependente dos cuidados de Seus pais. São eles que O salvarão das garras de Herodes; sendo Onisciente, Sua única manifestação é o choro; sendo Onipresente, está limitado pela natureza humana. Deus, não podendo dar mais, deu-se a Si mesmo. Admiramos uma pessoa rica quando renuncia a suas riquezas, doa prodigamente o que tem aos pobres ou ocupa altos cargos e não é soberba. Mas nada se compara à humildade de Jesus tão visível naquele cocho. Infinita humildade! Quanto amor por nós!

O Natal é apresentado hoje como uma festa mágica, infantil e consumista. Dominado pelo mercado e secularizado por este para poder agradar a todos, o profundo e verdadeiro significado do Natal foi sufocado. Sem dúvida, o maior acontecimento da História deve ser comemorado: enfeitemos os lugares com luzes, pois estávamos nas trevas do pecado e a Luz brilhou sobre nós; que as decorações demonstrem nossa alegria pelo Senhor que veio, vem e virá; que a ceia seja uma festa para comemorarmos a Salvação que entrou no mundo para nos livrar do jugo do pecado e da morte. Além de um tempo legítimo de festa, pois tudo o que fazemos para comemorar o nascimento de Cristo ainda é pouco diante deste fato tão extraordinário, o Natal oferece-nos um período de meditação e reflexão. Mais uma vez a agitação do natal secularizado pode-nos desviar destes propósitos. Conversão e penitência são palavras que não aparecem nas propagandas natalinas. A triste realidade é que, para a maioria das pessoas, Jesus é um estorvo, alguém prescindível e desnecessário, quando muito um personagem admirável e não a razão de nossas vidas, aquela pérola preciosa que nos motiva a abandonar tudo para possuí-la.

Diante do Menino, reflitamos sobre nossas vidas. Diante de tanto amor que Deus nos oferece, como estamos correspondendo? Progredimos em santidade entre o Natal passado e este Natal ou ano após ano estamos exatamente iguais ou, o que é pior, retrocedemos? Que nossas comemorações estejam centradas na pessoa de Jesus. Que, entre as comemorações, nossa prioridade seja a Santa Missa, onde o Cristo se dá na Eucaristia, manso e humilde como na gruta de Belém, onde a aparência do pão e do vinho esconde Sua divindade assim como estava escondida naquela criança nascida na Casa do Pão (Bethlehem) e colocada profeticamente na manjedoura significando que o Pão vivo descido do céu seria nosso alimento. Que o Cristo Senhor nasça em cada coração!


19 de dez. de 2011

Quarto Domingo do Advento - Fiat!

A Boa Notícia de Jesus Cristo:

Lucas 1, 26-38

Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc. 1, 38)

Neste quarto Domingo do Advento temos o trecho do evangelho que nos conta a anunciação do anjo a Maria. Esta passagem é bastante conhecida. O anjo Gabriel anuncia a Nossa Senhora que Deus a havia escolhido para ser a Mãe do Salvador. Desde toda a eternidade, Deus tinha escolhido Maria. O Senhor olhou para todas as mulheres, de todos os tempos e lugares, e viu em Maria aquela em quem cumpriria Suas promessas, viu nela a mulher que esmagaria a cabeça da serpente. Olhou para a humildade de sua serva, justamente para a virtude que faltou a Eva. Assim, como a mulher que seria Sua mãe era do povo judeu, Deus escolheu este povo para que, dele, nascesse o Salvador.

É por causa de Maria que Deus não escolheu nenhum outro povo, mas os judeus. Deus preparou Maria preservando-a do pecado original. Tinha que ser imaculada porque recebia em seu ventre o próprio Deus. Assim como a presença do Senhor não permanecia no Templo de Jerusalém quando este era profanado e se tornava impuro, do mesmo modo, Deus não poderia habitar na Virgem Maria – quanto mais receber sua carne – se esta estivesse manchada pelo pecado. Assim nos revela o arcanjo Gabriel quando lhe chama por um novo nome: cheia de graça. A Santíssima Virgem é repleta da graça de Deus não tendo espaço para o mal.

Em resposta ao anjo, Maria faz-se, na fé, totalmente obediente a Deus: que se faça nela a vontade de Deus. Maria nada reservou de si. Entregou-se totalmente ao projeto de Deus. Que também nós sejamos obedientes a Deus, dóceis a Sua palavra e creiamos de todo o coração como Maria acreditou.

11 de dez. de 2011

3º Domingo do Advento - João Batista: testemunha da Luz

A Boa Notícia de Jesus Cristo

João 1, 6-8.19-28

“João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis.” (Jo 1, 26)

A sociedade moderna passa pela mesma dificuldade que a sociedade judaica contemporânea a João: não conseguem reconhecer o Cristo entre nós. A dureza do coração diante de Jesus Cristo faz com que muitos busquem falsos profetas e falsas doutrinas, se embrenhando em religiões estranhas, nas heresias histéricas e que criam falsas ilusões em nome de Jesus, no esoterismo, ou ainda esta sociedade que busca o sensível, a experiência como prova – o que vem acontecendo mesmo entre os cristãos – esquecendo da suavidade da presença de Cristo no meio de nós.

As pessoas supervalorizam os milagres extraordinários, as manifestações de dons e carismas e até – pasmem! – shows de possessão demoníaca, reais ou não. Será que cansamos de andar na luz que é Cristo ou nos acostumamos tanto com Sua presença que Ele passa despercebido por nós, como em Sua presença real, mas encoberta sob o véu do sacramento da Eucaristia? Desde a ressurreição, Cristo está vivo no meio de nós, sem jamais nos abandonar. Não cremos mais em Sua presença?

A voz da Igreja continua soando no deserto como a de João Batista. Numa aridez cada vez maior, a Igreja se mantém firme em anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, dando testemunho da Luz, porém é sempre vista com desconfiança, ameaçada, caluniada por aqueles que não querem reconhecer em Jesus o Cristo Senhor. Que neste Natal abramos o coração para receber Aquele que veio nos salvar de nossos pecados através da humildade e simplicidade de uma criança que aparentemente nada tinha de especial e era o próprio Deus feito homem.



5 de dez. de 2011

2º Domingo do Advento - O precursor João Batista

A Boa Notícia de Jesus Cristo

Marcos 1, 1-8

“Uma voz clama no deserto: traçai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas.” (Mc 1, 3)

A missão de São João Batista era preparar o povo para receber o Salvador, Jesus Cristo. Seu batismo não era sacramento, mas o preparava através do arrependimento para que se voltasse para o Cristo, Aquele que nos justifica pela água e pelo Espírito Santo. Os profetas sempre foram aqueles que clamam no deserto, que acabam falando ao vento, sem que os homens e mulheres dêem ouvidos ao que estão dizendo. E a Igreja segue este caminho. Sendo luz das nações, estas preferem andar nas trevas a escutá-La. 

Cada um se considera seu próprio profeta, que perscruta o coração de Deus e pode decidir por si mesmo a Sua vontade. Vivemos no tempo da conversão, de nos prepararmos para o Senhor que veio, vem e virá. Eliminemos o pecado de nossas vidas. Voltemos para Deus enquanto é tempo. Ouçamos a voz do Espírito que fala através da Sua Igreja.